DEUTERONÔMIO 29.29.
"As coisas encobertas pertencem ao Senhor, nosso Deus, porém as reveladas nos pertencem, a nós e a nossos filhos , para sempre, para que cumpramos todas as palavras desta lei” 29.29
Contexto histórico do livro de Deuteronômio.
Após quarenta anos de peregrinação pelo deserto, finalmente o povo chega às terras de Moabe, a leste do Jordão. 1.1-3. Durante essa longa caminhada, foram morrendo uns após os outros, aqueles que haviam presenciado os milagres de Deus no deserto, já não existiam mais, faz-se a exceção a Josué e Calebe. Nm. 14.21-38.
Sabendo que seu fim estava próximo, Moises reúne todo o povo com o intuito de explicar a lei (1.5).
Deuteronômio é um livro de instruções e orientações para o povo que havia chegado a terra prometida. A intenção de Moises era dizer ao povo tudo o que Deus havia realizado desde o Egito até a terra da promessa, visto que a geração que entrou na terra não foi à mesma que saiu do cativeiro e não tinha visto os milagres de Deus durante a peregrinação.
O foco principal do livro é orientar o povo quanto ao cumprimento da lei de Deus.
EXEGESE DO TEXTO.
Ao chegar ao verso 29, a bíblia diz: “ As coisas encobertas Pertencem ao Senhor nosso Deus, porém as reveladas nos pertencem, a nós e a nossos filhos , para sempre, para que cumpramos todas as palavras desta lei.”
Entendendo: O capitulo 29 traz a narrativa de uma nova aliança entre Deus e o povo, visto a primeira ter sido quebrada no deserto. Nm.14.21-38.
O verso 29 é um contexto histórico, faz alusão à lei dada a Moises no Sinai e não a mistérios escondidos na bíblia.
“As coisas encobertas pertencem ao Senhor nosso Deus”
Encontramos aqui o substantivo feminino “ encoberta(s)” com o sentido de ocultar, esconder, disfarçar... O que Deus estava deixando em oculto ao povo eram as minúcias da lei, bem como seu final, que apontava para Cristo.
A palavra “pertencem” é um verbo conjugado na terceira pessoa do plural (presente do indicativo), com o sentido de posse. O que pertence ao Senhor neste contexto ? A lei (Aliança) Foi ele quem fez aliança com o homem, e não o contrario. (Ex 20:22-24:4).
“Porém as reveladas nos pertencem a nós e a nossos filhos, para sempre, para que cumpramos todas as palavras desta lei.
3. Conforme cita o texto, “as coisas reveladas”. São os preceitos da lei que Deus havia comunicado a Moises no Sinai, e que a mesma pertencia a todo o povo e as gerações futuras, por isso ele diz; a nós e a nossos filhos.(Ex.19.1-6;20.1-17).
4. Para que cumpramos todas as palavras desta lei.
Observe a palavra “DESTA(e)”( É uma Combinação da preposição de com o pronome demonstrativo esta(e). ... isto indica o tempo presente em relação à pessoa que fala). Logo entendemos que Moises ao falar desta Lei, só poderia estar falando de algo que ele estava ensinando ao povo e que era de seu conhecimento.
Após analisarmos o texto, desmistifiquemos o entendimento de que a Bíblia possui em suas paginas coisas ocultas. A Palavra de Deus é uma carta aberta e completamente revelada à igreja (Noiva). No livro de Daniel. Cap.12.4,8,9 – Deus fala de palavras seladas até o tempo do fim. São acontecimentos na história que não ocorreriam na época do profeta, por isso não terem sido revelados a ele. A igreja tem a Palavra na sua plenitude. CF. João 1:1-4; 7:63; 14:6; Efésios 1:16-21.
A palavra “revelação” provém do latim (revelare) e significa literalmente, descobrir, tirar o véu, fazer conhecer, colocar patente aos olhos de. Portanto, revelação significa a ação de Deus em comunicar aos homens os seus desígnios, seus pensamentos, vontade, mistérios e sabedoria. O Espírito Santo de Deus atua em nossos espíritos, tirando o véu de nosso entendimento para as verdades de Deus; João 16:12-14. Quando nos convertemos a Cristo, quer sejamos judeu ou não, o véu nos é tirado de nosso entendimento, e temos a revelação das verdades de Deus.
Tendo, pois, tal esperança, servimo-nos de muita ousadia no falar. E não somos como Moisés, que punha véu sobre a face, para que os filhos de Israel não atentassem na terminação do que se desvanecia. Mas os sentidos deles se embotaram. Pois até ao dia de hoje, quando fazem a leitura da antiga aliança, o mesmo véu permanece, não lhes sendo revelado que, em Cristo, é removido. Mas até hoje, quando é lido Moisés, o véu está posto sobre o coração deles. Quando, porém, algum deles se converte ao Senhor, o véu lhe é retirado. Ora, o Senhor é o Espírito; e, onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade. E todos nós, com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados, de glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito.
1ª Coríntios 2:6-16. “Entretanto, expomos sabedoria entre os experimentados; não, porém, a sabedoria deste século, nem a dos poderosos desta época, que se reduzem a nada; mas falamos a sabedoria de Deus em mistério, outrora oculta, a qual Deus preordenou desde a eternidade para a nossa glória; sabedoria essa que nenhum dos poderosos deste século conheceu; porque, se a tivessem conhecido, jamais teriam crucificado o Senhor da glória; mas, como está escrito: Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que o amam. Mas Deus no-lo revelou pelo Espírito; porque o Espírito a todas as coisas perscruta, até mesmo as profundezas de Deus. Porque qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o seu próprio espírito, que nele está? Assim, também as coisas de Deus, ninguém as conhece, senão o Espírito de Deus. Ora, nós não temos recebido o espírito do mundo, e sim o Espírito que vem de Deus, para que conheçamos o que por Deus nos foi dado gratuitamente. Disto também falamos, não em palavras ensinadas pela sabedoria humana, mas ensinadas pelo Espírito, conferindo coisas espirituais com espirituais. Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. Porém o homem espiritual julga todas as coisas, mas ele mesmo não é julgado por ninguém. Pois quem conheceu a mente do Senhor, que o possa instruir? Nós, porém, temos a mente de Cristo. Eu, porém, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, e sim como a carnais, como a crianças em Cristo”.
Regras da Hermenêutica.
1ª - Regra Fundamental - A Escritura explicada pela Escritura, ou seja: a Bíblia, sua própria intérprete.
2ª - É necessário tomar as palavras no sentido que indica o conjunto da frase.
3ª - É necessário tomar a frase no sentido indicado no contexto, a saber, os versículos que precedem e seguem ao texto que se estuda.
4ª - É preciso tomar em consideração o objetivo ou desígnio do livro ou passagem em que ocorrem as palavras ou expressões obscuras.
5ª - É necessário consultar as passagens paralelas.
5ª–Segunda Parte - Paralelos de ideais
Para conseguir a ideia completa e exata do que ensina a Escritura neste ou naquele texto determinado, talvez obscuro ou discutível, consultam-se não só as palavras paralelas, mas os ensinos, as narrativas e fatos contidos em textos ou passagens aclaratórios que se relacionem com o dito texto obscuro ou discutível. Tais textos ou passagens chamam-se paralelos de ideias.
5ª – Terceira parte - Paralelos de ensinos gerais
Para a aclaração e correta interpretação de determinadas passagens não são suficientes os paralelos de palavras e ideias; é preciso recorrer ao teor geral, ou seja, aos ensinos gerais das Escrituras.
Regras de Exegese.
1ª. Interpretar lexicamente:
É conhecer a etimologia das palavras, o desenvolvimento histórico de seu significado e o seu uso no documento sob consideração. Esta informação pode ser conseguida com a ajuda de bons dicionários. No uso dos dicionários, deve notar-se cuidadosamente o significar-se da palavra sob consideração nos diferentes períodos da língua grega e nos diferentes autores do período.
2ª. Interpretar sintaticamente:
O intérprete deve conhecer os princípios gramaticais da língua na qual o documento está escrito, para primeiro, ser interpretado como foi escrito. A função das gramáticas não é determinar as leis da língua, mas expô-las. O que significa, que primeiro a linguagem se desenvolveu como um meio de expressar os pensamentos da humanidade e depois os gramáticos escreveram para expor as leis e princípios da língua com sua função de exprimir ideias. Para quem deseja aprofundar-se é preciso estudar a sintaxe da gramática grega, dando principal relevo aos casos gregos e ao sistema verbal a fim de poder entender a estruturação da língua grega. Isto vale para o hebraico do Antigo Testamento.
3ª. Interpretar contextualmente:
Deve ser mantida em mente a inclinação do pensamento de todo o documento. Então pode notar-se a “cor do pensamento”, que cerca a passagem que está sendo estudada. A divisão em versículos e capítulos facilita a procura e a leitura, mas não deve ser utilizada como guia para delimitação do pensamento do autor. Muito mal tem sido feita esta forma de divisão a uma honesta interpretação da Bíblia, pois dá a impressão de que cada versículo é uma entidade de pensamento separados dos versículos anteriores e posteriores.
4ª. Interpretar historicamente:
O intérprete deve descobrir as circunstâncias para um determinado escrito vir à existência. É necessário conhecer as maneiras, costumes, e psicologia do povo no meio do qual o escrito foi produzido. A psicologia de uma pessoa inclui suas ideias de cronologia, seus métodos de registrar a história, seus usos de figura de linguagem e os tipos de literatura que usa para expressar seus pensamentos.
5ª. Interpretar de acordo com a analogia da Escritura:
A Bíblia é sua própria intérprete, diz o princípio hermenêutico. A bíblia deve ser usada como recurso para entender ela mesma. Uma interpretação bizarra que entra em choque com o ensino total da Bíblia está praticamente certa de estar no erro. Um conhecimento acurado do ponto de vista bíblico é a melhor ajuda.
6ª. O intérprete deve perguntar primeiro o que o autor diz e depois o que significa a declaração.
7ª. Consultar os dicionários para encontrar o significado das palavras desconhecidas ou que não são familiares. É preciso tomar muito cuidado para não escolher o significado que convêm ao interprete apenas.
8ª. Depois de usar bons dicionários, uma ou mais gramáticas devem ser consultadas para entender a construção gramatical. No verbo, a voz, o modo e o tempo devem ser observados por causa da contribuição à ideia total. O mesmo cuidado deve ser tomado com as outras classes gramaticais.
9ª. Tendo as análises léxicas, morfológica e sintática sido feitas, é preciso partir para análises de contexto e história a fim de que se tenha uma boa compreensão do texto e de seu significado primeiro.
Com os passos anteriores bem dados, o intérprete tem condições de extrair a teologia do texto, bem como sua aplicação às necessidades pessoais dele, em primeiro lugar, e às dos ouvintes. Que o texto tem com a minha vida? Com os grandes desafios atuais?
Que o Deus de Paz nos conceda a cada dia, graça e sabedoria para entendermos sua Sagrada Lei.
Bibliografia.
Sitio - Drº Hermenêutica Bíblica.
Sitio – Temas Bíblicos – WordPress.
Bíblia Sagrada. Arc.
Bíblia De Estudos Almeida. ARA.
Charlessilva73@yahoo.com.br.
Deus presente nesse texto. Maravilha!!
ResponderExcluirDeus lhe conserve com tamanha sabedoria.Que deus levante mais e mais pessoas sábias no Espírito Santos igual a vc.