sexta-feira, 25 de outubro de 2013

INTRODUÇÃO:  Após  conversar um pouco com meus irmãos em meu local de trabalho, foi citado o texto de Deuteronômio  29.29.  Já ouvi  diversos pregadores cometerem erros quanto a exegese deste texto, por isso resolvi fazer uma breve exposição. Conto sempre com a Graça e a misericórdia de Deus em minha vida.


DEUTERONÔMIO 29.29.
"As coisas encobertas  pertencem ao Senhor, nosso Deus, porém as reveladas nos pertencem, a nós  e a nossos filhos , para sempre, para que cumpramos todas as palavras desta lei”  29.29
 
Contexto histórico do livro de Deuteronômio.

Após quarenta anos de peregrinação pelo deserto, finalmente o povo chega às terras de Moabe, a leste do Jordão. 1.1-3. Durante essa  longa caminhada, foram morrendo uns após os outros, aqueles que haviam presenciado os milagres de Deus no deserto, já não existiam mais, faz-se a exceção a Josué e Calebe. Nm. 14.21-38.
Sabendo que seu fim estava próximo, Moises reúne todo o povo com o intuito de explicar a lei (1.5).
Deuteronômio é um livro de instruções e orientações para o povo que havia chegado a terra prometida. A intenção de Moises era dizer ao povo tudo o que Deus havia realizado desde o Egito até a terra da promessa, visto que a geração que entrou na terra não foi à mesma que saiu do cativeiro e não tinha visto os milagres de Deus durante a peregrinação.
O foco principal do livro é orientar o povo quanto ao cumprimento da lei de Deus.

EXEGESE DO TEXTO.

Ao chegar ao verso 29, a bíblia diz: “ As coisas encobertas Pertencem ao Senhor nosso Deus, porém as reveladas nos pertencem, a nós e a nossos filhos , para sempre, para que cumpramos todas as palavras desta lei.”

 Entendendo: O capitulo 29  traz a narrativa de uma nova aliança entre Deus e o povo, visto a primeira ter sido quebrada no deserto. Nm.14.21-38.

O verso  29 é um contexto histórico, faz alusão à lei dada a Moises no Sinai e não a mistérios escondidos na bíblia.
“As coisas encobertas pertencem ao Senhor nosso Deus”
 Encontramos aqui o substantivo feminino “ encoberta(s)” com o sentido de ocultar, esconder, disfarçar... O que Deus estava deixando em oculto ao povo eram as minúcias da lei, bem como seu final, que apontava para Cristo.
A palavra “pertencem” é um verbo conjugado na terceira pessoa do plural (presente do indicativo), com o sentido de posse. O que pertence ao Senhor neste contexto ? A lei (Aliança) Foi ele quem fez aliança com o homem, e não o contrario. (Ex 20:22-24:4).
“Porém as reveladas nos pertencem a nós e a nossos filhos, para sempre, para que cumpramos  todas as palavras desta lei.
3.  Conforme cita o texto, “as coisas reveladas”. São os preceitos da lei que Deus havia comunicado a Moises no Sinai, e que a mesma pertencia  a todo o povo e as gerações futuras, por isso ele diz; a nós e a nossos filhos.(Ex.19.1-6;20.1-17).
4. Para que cumpramos todas as palavras desta lei.
Observe a palavra “DESTA(e)”( É uma Combinação da preposição de com o pronome demonstrativo esta(e). ...  isto indica o tempo presente em relação à pessoa que fala). Logo  entendemos que Moises ao falar desta Lei, só poderia estar falando  de algo  que ele estava ensinando ao povo e que era de seu conhecimento.

Após analisarmos o texto, desmistifiquemos o entendimento de que a Bíblia possui   em  suas paginas coisas ocultas. A Palavra de Deus é uma carta aberta e completamente revelada à igreja (Noiva). No livro de Daniel. Cap.12.4,8,9 – Deus fala de palavras seladas até o tempo do fim. São acontecimentos na história que não ocorreriam na época do profeta, por isso não terem sido revelados a ele.  A igreja tem a Palavra na sua plenitude.   CF. João 1:1-4; 7:63; 14:6; Efésios 1:16-21.
A palavra “revelação” provém do latim (revelare) e significa literalmente, descobrir, tirar o véu, fazer conhecer, colocar patente aos olhos de. Portanto, revelação significa a ação de Deus em comunicar aos homens os seus desígnios, seus pensamentos, vontade, mistérios e sabedoria.  O Espírito Santo de Deus atua em nossos espíritos, tirando o véu de nosso entendimento para as verdades de Deus; João 16:12-14. Quando nos convertemos a Cristo, quer sejamos judeu ou não, o véu nos é tirado de nosso entendimento, e temos a revelação das verdades de Deus.
Tendo, pois, tal esperança, servimo-nos de muita ousadia no falar. E não somos como Moisés, que punha véu sobre a face, para que os filhos de Israel não atentassem na terminação do que se desvanecia. Mas os sentidos deles se embotaram. Pois até ao dia de hoje, quando fazem a leitura da antiga aliança, o mesmo véu permanece, não lhes sendo revelado que, em Cristo, é removido. Mas até hoje, quando é lido Moisés, o véu está posto sobre o coração deles. Quando, porém, algum deles se converte ao Senhor, o véu lhe é retirado. Ora, o Senhor é o Espírito; e, onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade. E todos nós, com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados, de glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito.
  1ª Coríntios 2:6-16. “Entretanto, expomos sabedoria entre os experimentados; não, porém, a sabedoria deste século, nem a dos poderosos desta época, que se reduzem a nada; mas falamos a sabedoria de Deus em mistério, outrora oculta, a qual Deus preordenou desde a eternidade para a nossa glória; sabedoria essa que nenhum dos poderosos deste século conheceu; porque, se a tivessem conhecido, jamais teriam crucificado o Senhor da glória; mas, como está escrito: Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que o amam. Mas Deus no-lo revelou pelo Espírito; porque o Espírito a todas as coisas perscruta, até mesmo as profundezas de Deus. Porque qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o seu próprio espírito, que nele está? Assim, também as coisas de Deus, ninguém as conhece, senão o Espírito de Deus. Ora, nós não temos recebido o espírito do mundo, e sim o Espírito que vem de Deus, para que conheçamos o que por Deus nos foi dado gratuitamente. Disto também falamos, não em palavras ensinadas pela sabedoria humana, mas ensinadas pelo Espírito, conferindo coisas espirituais com espirituais. Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. Porém o homem espiritual julga todas as coisas, mas ele mesmo não é julgado por ninguém. Pois quem conheceu a mente do Senhor, que o possa instruir? Nós, porém, temos a mente de Cristo. Eu, porém, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, e sim como a carnais, como a crianças em Cristo”.

Regras da Hermenêutica.

1ª -  Regra Fundamental - A Escritura explicada pela Escritura, ou seja: a Bíblia, sua própria intérprete.
2ª  -  É necessário tomar as palavras no sentido que indica o conjunto da frase.
3ª -  É necessário tomar a frase no sentido indicado no contexto, a saber, os versículos que precedem e seguem ao texto que se estuda.
4ª - É preciso tomar em consideração o objetivo ou desígnio do livro ou passagem em que ocorrem as palavras ou expressões obscuras.
5ª - É necessário consultar as passagens paralelas.
5ª–Segunda Parte - Paralelos de ideais
Para conseguir a ideia completa e exata do que ensina a Escritura neste ou naquele texto determinado, talvez obscuro ou discutível, consultam-se não só as palavras paralelas, mas os ensinos, as narrativas e fatos contidos em textos ou passagens aclaratórios que se relacionem com o dito texto obscuro ou discutível. Tais textos ou passagens chamam-se paralelos de ideias.
5ª – Terceira parte - Paralelos de ensinos gerais
Para a aclaração e correta interpretação de determinadas passagens não são suficientes os paralelos de palavras e ideias; é preciso recorrer ao teor geral, ou seja, aos ensinos gerais das Escrituras.

Regras de Exegese.

1ª. Interpretar lexicamente:
É conhecer a etimologia das palavras, o desenvolvimento histórico de seu significado e o seu uso no documento sob consideração. Esta informação pode ser conseguida com a ajuda de bons dicionários. No uso dos dicionários, deve notar-se cuidadosamente o significar-se da palavra sob consideração nos diferentes períodos da língua grega e nos diferentes autores do período.
2ª. Interpretar sintaticamente:
O intérprete deve conhecer os princípios gramaticais da língua na qual o documento está escrito, para primeiro, ser interpretado como foi escrito. A função das gramáticas não é determinar as leis da língua, mas expô-las. O que significa, que primeiro a linguagem se desenvolveu como um meio de expressar os pensamentos da humanidade e depois os gramáticos escreveram para expor as leis e princípios da língua com sua função de exprimir ideias. Para quem deseja aprofundar-se é preciso estudar a sintaxe da gramática grega, dando principal relevo aos casos gregos e ao sistema verbal a fim de poder entender a estruturação da língua grega. Isto vale para o hebraico do Antigo Testamento.
3ª. Interpretar contextualmente:
Deve ser mantida em mente a inclinação do pensamento de todo o documento. Então pode notar-se a “cor do pensamento”, que cerca a passagem que está sendo estudada. A divisão em versículos e capítulos facilita a procura e a leitura, mas não deve ser utilizada como guia para delimitação do pensamento do autor. Muito mal tem sido feita esta forma de divisão a uma honesta interpretação da Bíblia, pois dá a impressão de que cada versículo é uma entidade de pensamento separados dos versículos anteriores e posteriores.
4ª. Interpretar historicamente:
O intérprete deve descobrir as circunstâncias para um determinado escrito vir à existência. É necessário conhecer as maneiras, costumes, e psicologia do povo no meio do qual o escrito foi produzido. A psicologia de uma pessoa inclui suas ideias de cronologia, seus métodos de registrar a história, seus usos de figura de linguagem e os tipos de literatura que usa para expressar seus pensamentos.
5ª. Interpretar de acordo com a analogia da Escritura:
A Bíblia é sua própria intérprete, diz o princípio hermenêutico. A bíblia deve ser usada como recurso para entender ela mesma. Uma interpretação bizarra que entra em choque com o ensino total da Bíblia está praticamente certa de estar no erro. Um conhecimento acurado do ponto de vista bíblico é a melhor ajuda.

6ª. O intérprete deve perguntar primeiro o que o autor diz e depois o que significa a declaração.
7ª. Consultar os dicionários para encontrar o significado das palavras desconhecidas ou que não são familiares. É preciso tomar muito cuidado para não escolher o significado que convêm ao interprete apenas.
8ª. Depois de usar bons dicionários, uma ou mais gramáticas devem ser consultadas para entender a construção gramatical. No verbo, a voz, o modo e o tempo devem ser observados por causa da contribuição à ideia total. O mesmo cuidado deve ser tomado com as outras classes gramaticais.
9ª. Tendo as análises léxicas, morfológica e sintática sido feitas, é preciso partir para análises de contexto e história a fim de que se tenha uma boa compreensão do texto e de seu significado primeiro.
Com os passos anteriores bem dados, o intérprete tem condições de extrair a teologia do texto, bem como sua aplicação às necessidades pessoais dele, em primeiro lugar, e às dos ouvintes. Que o texto tem com a minha vida? Com os grandes desafios atuais?
Que o Deus de Paz nos conceda a cada dia, graça e sabedoria para entendermos sua Sagrada Lei.
Bibliografia.
  Sitio - Drº Hermenêutica Bíblica.
Sitio – Temas Bíblicos – WordPress.
Bíblia Sagrada. Arc.
Bíblia De Estudos Almeida. ARA.

Charlessilva73@yahoo.com.br.
 

domingo, 20 de outubro de 2013

A SANTA CEIA DO SENHOR.
1ªCor.11.23-32.
INTRODUÇÃO:  Conforme ensinou o apostolo Paulo, a ordenança da Santa Ceia esta firmemente ancorada no propósito remidor de Deus, de tal modo que a mesma proclama a morte do Senhor, visto como a pascoa estabelecia a misericórdia redentora de Deus sobre o antigo pacto. Ele também expôs o significado da Mesa do Senhor como uma comunhão  com o Senhor em  sua morte e  sua  vida ressurreta, simbolizada pelo pão e pelo vinho.    
I-Contexto Histórico.
  Existia na igreja de Corinto um grave problema entre os irmãos, estava sendo observada uma conduta egoísta nas reuniões em torno da mesa do Senhor. A Ceia não era celebrada conforme conhecemos hoje. Os irmãos reuniam-se   em lares e ali alimentavam-se todos em comum. Este ato de cercar a mesa estava ligado a intima comunhão com o Pai, todos em torno da mesa simbolizando a unidade do corpo e Cristo. Porém com o passar dos dias a igreja de Corinto abandonou a pratica de cear uns com os outros. Quando se reuniam já não esperavam mais uns pelos outros, muitos pobres não tinham acesso a esses eventos, comiam e bebiam de forma desordenada, muitos se embriagavam, enquanto outros tinham fome e sede.  Isso nos ajuda a entender o que Paulo quer dizer quando fala sobre os que comem e bebem “sem discernir o corpo”. Essa interpretação de “sem discernir o corpo” é a poiada pela menção que Paulo faz  da igreja como corpo de Cristo, em 1ªCor.10.17.
Assim, a frase “sem discernir o corpo” significa, “sem entender a unidade e a interdependência das pessoas na igreja, que é o corpo de CRISTO”. Significa não dar atenção aos nossos irmãos e irmãs quando vamos participar da Ceia do Senhor, na qual devemos refletir o caráter de Cristo.
A “Ceia própria” de cada um  é posta em contraste com a “ceia do Senhor”, que exige celebração comum no amor e repele as divisões inspiradas pelo egoísmo.

II – OS ELEMENTOS DA SANTA CEIA.
Os elementos da Santa Ceia são o pão e o vinho, representando        respectivamente  o corpo e o sangue do nosso Senhor.
A.   O Pão. Elemento símbolo da vida , assim Jesus identificou-se aos seus discípulos. Quando o pão é partido na celebração da ceia,     vem-nos a memoria o sacrifício vicário de Cristo, através do qual Ele entregou sua vida em resgate da humanidade caída e escravizada pelo pecado. Cf.Jo. 6.35.
B.   Vinho. O fruto da vide na ceia lembra-nos do Sangue do Cordeiro de Deus derramado na Cruz do Calvário, para redimir toda a humanidade da ofensa do pecado. Cf. Mc.26.29; 1ªCor.11.27.

III- O SIGNIFICADO DA CEIA DO SENHOR.
  A ceia do Senhor tem diversos significados na vida da igreja (Física).
1.1.   A Morte de Cristo.  Quando participamos da Ceia do Senhor, estamos ali formando um quadro de sua morte por nós. A santa Ceia comemora algo já realizado ( A morte do Cordeiro de Deus).   Cf. Lc.22.19; 1ªCo.11.26.
2.2.    Um mandamento do Senhor.  É uma ordem de Cristo a todos os que o amavam. Participar da ceia é trazer a memoria o sacrifício de Cristo por nós. 1Co.11.24,25.
33    Nossa participação nos benefícios da morte de Cristo.  Quando           individualmente  pegamos o cálice e nós mesmos o tomamos, cada um de nós está proclamando por meio de tal ato “ Estou tomando os benefícios da morte de Cristo para mim mesmo”. Mt.26.26.
4.4   Alimento Espiritual.  O Pão e o Vinho representam  o fato de que há alimento e refrigério espirituais  que Cristo está concedendo a nossa alma. Jo.6.53-57.
5.5 A unidade dos Cristãos. Quando os irmãos participam juntos da mesa do senhor, dão um sinal nítido de unidade de uns para com os outros. 1ªCo. 10.17
6.6   Uma profecia em relação a volta de Cristo. Quando celebramos a ceia do Senhor, estamos anunciando a sua vinda.. Mt. 26.29.
7.7    Discernimento espiritual do Crente. Participar da Ceia de qualquer maneira sem discernir o corpo de Cristo, e torna-la coisa comum.  1ªCo.11.29.

88  Um momento de gratidão a Deus. É o momento no qual todo o Crente deve agradecer a Deus por nos enviar seu único Filho. Mc.14.23; Lc.22.19.
9.9   Uma ocasião propicia ao recebimento de bênçãos. Quando atendo o convite de Cristo para participar da Ceia do Senhor, o fato de Ele ter me convidado a Tua presença, assegura-me abundantes bênçãos. Quando o Senhor me recebe nessa mesa, ELE assegura de que me recebera  para desfrutar de todas as outra bênçãos da terra, e dos céus também, especialmente da Bodas do Cordeiro, para a qual esta reservado um lugar para mim. Lc.22.10-13.
110.  A afirmação da minha Fé em Cristo. Quando tomo o pão e o cálice, por meu ato estou proclamando: “ Senhor preciso de ti, pois sou fraco e carente, nada sou sem tua presença em mim”. Quando participo da ceia proclamo constantemente que meus pecados constituíram parte do motivo do sofrimento e da morte de Cristo.  

IV – QUEM DEVE PARTICIPAR DA CEIA DO SENHOR?
1.1    Os que creem em Cristo Jesus – A ceia representa um sinal de conversão e permanência na fé Cristã.
2.2    Os que entendem o significado do mandamento para a igreja – 1ªCo.11.26.
3 3   Aqueles que estão em comunhão no corpo de Cristo – 1ª Co.10.17.
4.4    Somente os batizados – Algumas denominações só permitem participar da Santa Ceia do Senhor membros batizados. Entendem da seguinte forma; o batismo é um  símbolo do inicio da caminhada cristã, enquanto a ceia é um símbolo da permanência da fé cristã. Logo se o membro não sinalizou o inicio de sua caminhada com o batismo, também não pode sinalizar com a permanência através do ato da ceia.
55.  Somente aqueles que aceitam em seus corpos o sacrifício da cruz. 1ªCo.11.25,26.


Quem deve ministrar a santa ceia?
Com relação a ministração da ceia  do Senhor, a bíblia não aponta             diretamente a quem deva ser imputada a responsabilidade. Entendemos que os pastores e seus auxiliares diretos devam ser os oficiantes.  As  mulheres também podem participar como oficiantes, desde que, como os homens, sejam honestas , sabias, tementes a Deus e tenham sido designadas pelo seu pastor.
“A ceia própria” de cada um é posta em contraste com a ceia do Senhor, que exige celebração no amor e repele as divisões inspiradas pelo egoísmo, não por revelação direta, mas pela tradição derivada do Senhor.
Se aqueles que partilham a refeição eucarística não estão realmente unidos no amor, põe-se na categoria daqueles que mataram Jesus.
O critério do autoexame deve ser a qualidade de sua relação com os outros membros da comunidade cristã. Cf. 1ªCo .11.26.;Dt.19.10; Hb.6.4-6;10.29.
AMÉM.
Bibliografia.
Teologia Sistemática  Atual e Exaustiva. Wayne Grudem.
Bíblia Sagrada. ARC.
 Bíblia de Jerusalém. Ed. Paulus.
 Novo Dicionário  da Bíblia. Vol. II -  Junta Editorial Cristã.

Revista da Escola Bíblica Dominical . 3º Trimestre/2009. Ed. Cpad.  

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

OS QUATRO EVENTOS QUE COMPÕEM A ESSÊNCIA DO EVANGELHO E DA MENSAGEM DA CRUZ.

INTRODUÇÃO:  Os evangelhos narram  a vida e obra de Cristo sobre a face da terra, contada de quatro formas diferentes.  Temos quatro evangelhos, dentre os quais os três primeiros são sinóticos (gr. visão conjunta). Mateus dirige seus escritos  aos Judeus, Marcos aos Romanos, Lucas aos gentios de língua grega e por fim temos João escrevendo para a igreja.  Temos como essências principais do evangelho quatro eventos, os quais nos contam a historia da nossa redenção através da morte de Cristo. 

1.     A Morte de Cristo. Temos na morte de Cristo o ápice da nossa salvação, sem ela nos estaríamos mortos em nossos pecados. Rm 3.23; Is.53.4-10.  A morte de Cristo foi precedida de alguns acontecimentos importantes;
A)  A última Pascoa. Lc. 22.7-16; Êx.12.1-20.  Após a libertação do Egito Deus determinou ao povo que fosse realizada uma festa que marcaria a saída do povo do cativeiro. Ordena que seja morto um cordeiro (Perfeito) e seu sangue fosse aspergido sobre os umbrais das portas, dessa forma quando o anjo da morte passasse e visse o sinal do sangue não tocaria naquela família.   O Cordeiro simbolizava Cristo, o Sangue apontava para a cruz do calvário. Em um dos momentos que antecederam sua morte, Cristo reúne seus discípulos para a celebração da pascoa. É importante notar que agora ELE é o cordeiro que será  oferecido por todos nos, se no passado tínhamos o sangue de um animal que encobria os pecados, agora temos o Sangue do Filho unigênito de Deus, que tira todo o pecado do mundo.      
Ø  Cristo foi julgado sentenciado , morto e sepultado na 6ª feira.
Ø  Na noite de sexta para sábado Cristo foi retirado do madeiro, pois era a preparação para a celebração do sábado judaico e  não podia  haver trabalho neste dia(Sábado).  João. 19.31.             
Ø  Sábado – Permanece no tumulo.
Ø  Domingo – Ressuscita. (1º dia da semana) Lc. 24.1-6; João 20.1-7. 

·         Se observarmos o interstício entre a morte e ressurreição de Cristo vamos  encontrar um espaço de duas noites e dois dias, porem a bíblia cita três dias e três noites .  Como resolver isso?
Entendamos;
O período que completa os três dias da morte e ressurreição de Cristo, compreende: Sexta – Feira; Sábado e Domingo.
 Conforme a maneira de contar os dias nada há de errado, onde parte do dia inicial e parte do dia final eram incluídos na contagem.
Embora os três dias aqui descritos pudessem ser completos com três noites, como também, não necessariamente havia a obrigatoriedade dos dias serem completos atendendo a soma das setenta e duas horas. Razão esta de que a contagem era inclusiva. Contagem esta estabelecida nos dias de Cristo, a bíblia obedeceu a essa contagem.  A contagem inclusiva obedece ao ato ou operação de contar, onde os extremos fazem parte. Cf. Êx. 19.10,11,16( Verifica-se a contagem inclusiva, onde o 1º dia e o ultimo foram incluídos na contagem, completando os Três dias, logo pela manhã. Hoje, amanhã e no terceiro dia ao amanhecer, cumpriu-se os três dias). IRs. 16.8,15;  IRs.15.1,2; IICr. 10.5,12, IIRs. 15.32,33; Gên. 40.18-20.
O dia civil judaico (período de 24 horas)  inicia-se às 18:00 horas e termina às 18:00 horas subsequente.  A noite vem primeiro que o dia, pois na criação do mundo o primeiro dia começou com a escuridão que foi transformada em luz: "Chamou Deus à luz dia, e às trevas noite. Houve tarde e manhã, o primeiro dia" (Gn.1:5). Daí em diante cada período de 24 horas foi indicado sucessivamente como "tarde e manhã" (Gn.1:5,8,13,19,23,31; 2:2).
Á noite de Sexta-feira(quinta para Sexta) em que Jesus foi Preso e torturado, faz parte do período da contagem, pois a contagem é inclusiva(Já falamos sobre o assunto), esta noite já está incluída, pois apresenta intimidade do período do prazo da morte e ressurreição de Cristo” três dias e três noites” não se iguala a 72horas, e sim a três dias conforme o próprio Cristo pronunciou. Cf. Mateus.16.21; João. 2.19; Lucas.9.22.  Confira o esquema abaixo:
Sexta – feira.                       1º dia.
Sábado.                                2º dia.
Domingo.                              3º dia.
Noite de Sexta.  (quinta para Sexta) 1ª noite obedecendo à contagem inclusiva.
Noite de Sábado.   (Sexta para Sábado) Segunda noite.
Noite de Domingo. (Sábado para Domingo) Terceira noite.
Cf. Lucas. 24.1,6,13 – Primeiro dia da semana (Domingo); Marcos. 16.9 – Primeiro dia da semana (Domingo)   
B) Pedro é avisado.  Mateus. 26.31,32.
C) Oração no Getsemane. (Lagar do azeite).  Mateus. 26.39.
A morte de Cristo teve alguns significados para nós, os quais são:
                               I.            Livramento da Morte.  João. 5.24,25.
                            II.            Vida com Cristo. Ef. 2.5.
                         III.            Livrou-nos das acusações. Rm. 8.1-4.
                          IV.            Imortalidade. Lc. 20.36.

2.  O Sepultamento.   Cristo ao morrer e ser sepultado,   levou consigo os nossos pecados ,culpas e enfermidades. Mt. 27.60; Is.53.4-8.
3. Ressurreição. Cumprindo-se a Palavra, ao terceiro dia Cristo ressuscitou. O terceiro dia era o 1º dia da semana(Domingo). Mt. 28.1; Lc.24.1; Mc.16.3.
A ressurreição de Cristo nos capacita a pregar o evangelho da salvação na unção do Espirito Santo.  Lc. 24.30-35; João. 20.21-23.
4. Provas irrefutáveis da ressurreição de Cristo. Ao ressuscitar Cristo aparece a algumas pessoas.
A.     Á Pedro(Céfas). Lc. 24.34.
B.     Aos apóstolos(Sem Tomé) Lc. 24.36.
C.      Aos apóstolos(Com Tomé) João. 20.24-29.
D.     Aos sete no lago Tiberíades. João 21.1-4.
E.      Aos 500 na Galileia. 1Co. 15.6.
F.      A Estevão. Atos. 7.55.
G.      A Paulo no Templo. Atos. 22.17-21.
H.    A João  em Patmos. Apoc. 1.10-19.
Muitos perguntam como será o corpo da ressurreição, a bíblia nos diz o seguinte:
Ø  Visível. Lc. 24.39.
Ø  Incorruptível. 1Co. 15.42-45.
Ø  Palpável. João 20.27.
Ø  Celestial. 2Co. 5.1-4.
Ø  Vivificado. Rm. 8.11.
Procurei apresentar neste breve estudo os quatro pilares que formam a essência do evangelho de Cristo. Não deixe de meditar com a ajuda do Espirito Santo de Deus. Sempre que for estudar, medite e confira as passagens de referência para um melhor entendimento do assunto. Lembre-se, nunca utilize um texto sem o seu contexto, procure saber o significado das palavras, seja profícuo.  Provérbios. 1.7.
  

Que o Deus de Paz continue nos concedendo graça e sabedoria para refutarmos as obras das trevas e seguirmos para o alvo que é Cristo Jesus.

Bibliografia.
Bíblia Sagrada. ARC.
Três dias e Três noites. Misael Corrêa Rocha. E d.Ados. 2009.
Minhas anotações Particulares. 2010. 

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

VESTIMENTA FEMININA.
INTRODUÇÃO.   O mundo hoje gira em torno da moda, basta aparecer algo diferente na televisão para todos no dia seguinte estarem usando. Sabemos que os veículos de comunicação, principalmente a televisão, têm ditado às regras da moda ou das vestimentas, aquilo que á alguns anos passados era tido como padrão de moralidade, hoje é careta é feio. Enquanto igreja, qual o nosso posicionamento diante de tudo o que vemos? Qual o padrão de vestimenta da mulher cristã? Será que a mulher cristã não pode vestir-se de acordo com a moda? Vamos analisar o que a Bíblia nos diz.
VESTIMENTA NOS TEMPOS DO ANTIGO TESTAMENTO.
A bíblia não nos fornece uma descrição exata de uma vestimenta feminina, como também não aplica um padrão de roupa a ser usada.  As vestes femininas eram muito parecidas com as vestes masculinas. Todavia, as diferenças devem ter sido suficientemente notáveis, visto que ao homem era proibido vestir-se com indumentárias femininas, e vice versa.  A diferença deve ter sido em material mais fino, mais colorido, e o uso de um véu  e uma espécie de  chale  para a cabeça, que podia ser usado para transportar cargas pequenas . As peças do vestuário mais comum das mulheres israelitas eram o Kuttõneth e o Simlâ.  A peça interna mais fina, o Sadhin(Pano de linho fino), também era usado  pelas mulheres.
 As vestes para as festas eram diferentes do vestuário ordinário apenas no sentido de que o material era de maior  preço. A cor preferida era o branco. Tecidos de Bisso, escarlata e purpura eram muito apreciados, as  mulheres gostavam de adornar seus vestidos com ouro ou prata.
COMO DEVEM VESTIR-SE AS MULHERES CRISTÃS?
ITm. 2.9,10.
V.9. Que do mesmo modo as mulheres se ataviem em traje honesto, com pudor e modéstia, não  com tranças, ou com ouro, ou perolas ou vestidos preciosos.
 Com trajes honestos. Quando o apostolo Paulo fala sobre a honestidade em trajar-se, com certeza estava orientando as mulheres a não vestirem-se como  as prostitutas.
Vestir-se com pudor (gr.aidos). O traje da mulher cristã deve cobrir todo o seu corpo, sem jamais ser objeto de cobiça pelos homens. As formas de um corpo feminino, bem como suas intimidades, devem somente ser expostas ao seu marido. Ao usar uma camisa com botões, abotoe todos eles, não deixe nenhum desabotoado, pois, entre um botão e o olhar pernicioso de um homem, é um passo apenas. Se utilizar calça jeans, que não seja muito apertada se for uma camisa de malha procure utilizar algo que não lhe sobressaia os seios. Lembre-se você é uma serva de Deus, uma mulher cristã e acima de tudo, não deve e não pode seguir o ritmo do mundo.  
A vestimenta deve ser modesta.  A mulher cristã pode utilizar uma pintura, cortar seus cabelos, fazer sua unha, dentre muitas outras coisas. A modéstia em vestir-se, esta em utilizar roupas de forma que não chame muito à atenção.
Não com tranças, ou com ouro, ou perolas ou vestidos preciosos.  Esta parte do texto é muito interessante, alguém pode perguntar, é pecado utilizar ouro? Poxa, será que é pecado utilizar tranças nos meus cabelos? Será que é pecado usar batom? Claro que não. Lembre-se tudo deve ser feito com simplicidade e coerência. Ao fazermos uma exegese deste texto, poderemos perceber que Paulo esta orientando as mulheres cristãs a serem diferentes das demais mulheres. Era uma pratica comum as mulheres trançarem seus cabelos com fios de ouro, provavelmente esse ato implicava em idolatria. Também as mulheres dadas a prostituição utilizavam-se desses recursos,afim de tornarem-se mais atraentes. Jamais um mulher cristã poderá parecer-se com uma mulher secular. Cf.Pv.7.9-18.
 Infelizmente em pleno sec. XXI há uma falta de conhecimento tão grande da palavra de Deus, que chega a dar medo. Muitos lideres proíbem as mulheres de cortarem seus cabelos, depilarem-se(Conheço denominação assim), não podem fazer as unhas, etc. Esses que assim procedem utilizam o texto de IIReis9.30. Uma tremenda alienação concernentes as coisas Divinas. Não há nada nas Escrituras que proíba a mulher de adornar e sentir-se bonita. Conforme disse anteriormente, tudo deve ser feito com pudor e discernimento.
Cf. Cantares. 3.6; 4.4-4; 6.4-8. Será que essa mulher estava vestida de qualquer jeito?
Cf.Cantares.1.10,11. A mulher estava adornada com enfeites.
Que o Deus todo poderoso nos livre da falta de sabedoria e tenha misericórdia de nossas almas. Os.4.6.

Bibliografia.
Biblia de Estudo Pentecostal. Ed.C.P.A.D.
Manual dos Tempos e Costumes Bíblicos. Willian L. Coleman. Ed. Betania.
Novo Dicionário da Bíblia. Vol.III. Junta Editorial Cristã.
 Charlesilva73@yahoo.com.br.
Bacharel em Teologia. Faceten- Faculdade de Ciência e Tecnologia do Norte do Pais.
Professor da Escola Bíblica Dominical.


sábado, 5 de outubro de 2013

LIVROS APÓCRIFOS.
Significado.  Aquilo que está escondido, oculto, secreto.
 O nome apócrifo aplicava-se a principio a livros místicos de sentido esotérico que só se deveriam colocar nas mãos de uns poucos iniciados, capazes por isso mesmo de os entenderem, pois ao povo em geral eram inteiramente ininteligíveis. Nesse bom sentido foi que Clemente de Alexandria referiu-se aos livros apócrifos de Zoroastro, a saber, livros dos  ensinamentos mais profundos, ensinamentos ocultos, conhecidos como doutrinas “esotéricas” da religião de Zoroastro.
Veio depois a significar livros de autenticidade incerta, desconhecida ou duvidosa. Mais tarde significava literatura espúria, falsa ou fictícia. Finalmente aplicava-se aos livros heréticos.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                            
Atualmente dá-se o nome de livros apócrifos em sentido geral, aos livros religiosos dos Judeus produzidos na maioria dos casos no período que vai do ano 200 a.C. ao ano 100 a.C. ,  e que nunca foram incluídos no Cânon Hebraico. Alguns desses foram escritos mesmo em época posterior a esse período restrito e até já na era cristã. Nesse sentido, portanto, o termo apócrifo deve incluir todos os livros chamados pseudoepígrafos, pois são  da mesma natureza.
Na verdade do ponto de vista dos Judeus, todos os livros, quer tratem de história dos judeus, encerrem lendas sagradas ou contenham elementos apocalípticos, devem ser tratados como apócrifos.
Assim que se poderia dizer, que o termo apócrifo,  se deve aplicar á literatura de um período em que cessara  o espírito profético.
Quando a bíblia foi traduzida para o latim no século IId.c., o AT não foi traduzido do AT hebraico mas da versão em grego(septuaginta). Assim, os livros apócrifos foram incluídos na versão latina antiga da  bíblia.
A  ORIGEM DA QUESTÃO DOS APÓCRIFOS.
 Verifica-se  que o problema dos livros apócrifos  nasceu em Alexandria, Na  época em que se fez a tradução Grega do Antigo Testamento, e depois foram traduzidos também livros judaicos extra canônicos e reunidos a mesma coleção de livros da versão grega do Antigo Testamento canônico. Desde os dias de Jeremias os judeus começaram a afluir para o Egito e logo após a queda de Jerusalém outros refugiados engrossaram o núcleo da colônia que mais tarde se desenvolveu em Alexandria, que veio a tornar-se um dos três grandes centros  de judaísmo no mundo. A influência grega  em Alexandria era enorme e a mentalidade helenista dos judeus  dessa colônia  os tornou muito liberais e tolerantes em comparação aos judeus palestinos que cultivavam o espirito  conservador nacionalista e religioso em oposição ao espirito helenista. O gosto literário  de Ptolomeu Filadelfo e desses judeus  de Alexandria, o esquecimento gradual da língua hebraica por esses judeus e pelos da dispersão entre os gentios os faziam sentir o desejo de uma tradução do Antigo Testamento para o grego, o que só se explica no  ambiente literal e filosófico de Alexandria. Para os judeus   palestinos a simples tradução do Antigo Testamento para um língua de gentios consistia num  sacrilégio  e muito mais ainda a introdução de livros Extra canônicos no mesmo volume de livros do Cânon. Assim foi que se fez a tradução grega do Antigo Testamento, que recebeu o nome de septuaginta. Nessa versão  foram incluídos  os livros judaicos  apócrifos devido a falta de escrúpulos dos judeus helenistas de Alexandria.  Os apócrifos foram reconhecidos pela igreja Romana em 1546 no concilio de Trento em reação a reforma de Martinho Lutero.                      
                                               A IGREJA E OS APÓCRIFOS.   
Em relação aos apócrifos  a igreja tratou o assunto de acordo com a  época e o local, vejamos; I. Os padres gregos, tais como Orígenes e Clemente, que faziam uso da versão grega da LXX(Septuaginta), frequentemente citavam  este ou aquele apócrifo como “Escrituras”, “Inspirados”, “Escrituras Divinas”, ou “assim diz o Espirito Santo”, etc. Mais tarde os padres gregos abandonaram esse conceito do Cânon e passaram a fazer importantes discriminações nesse sentido, como por exemplo, Atanásio em 536 A.D., Mas por outro lado na igreja latina, Agostinho, que lia uma bíblia Latina os aceitou e exerceu influência em favor da aceitação desses livros nos concílios norte africanos de Hipona e Cartago. A razão provável da atitude de Agostinho quanto a esses livros, deve- se ao fato de ele ser acostumado com o uso de uma velha bíblia latina, que continha os apócrifos, e que fora traduzida da LXX(Septuaginta)  e não do hebraico.  
II. Os mestres e as autoridades relacionadas com a Palestina e familiarizados com o Cânon Hebraico declaravam apócrifos todos os livros ausentes desse Cânon.
III.Alguns entendiam que eles não podiam ser elevados á mesma categoria dos livros do Cânon hebraico, mas seriam de proveito moral, e instrutivo para leitura nos cultos públicos.  Eram conhecidos como “Eclesiásticos”.
Os três posicionamentos citados acima permaneceram até aos dias da reforma.
No dia 08. De Abril de 1546 o Concilio de Trento resolveu considerar Canônicos os apócrifos e lançou anátema(Maldição) contra os que não aceitassem os livros que os Concílios de Hipona e Cartago, sob influência de Agostinho, resolveram considerar canônicos.  Declaração da Igreja, “  Se alguém não receber como sagrados e canônicos os  ditos livros íntegros com todas as suas partes, como têm sido usados para serem  lidos na Igreja Católica, e como se contêm na velha Vulgata Latina........Seja anátema”
Desde então para a Igreja de Roma, todos os apócrifos da Vulgata devem ser considerados canônicos, exceção feita aos livros 3ºe 4º Esdras, e a oração de Manasses.
De outro lado todas as igrejas da Reforma já tinham se definido pelo Cânon Hebraico do Antigo Testamento.
Um exame superficial dos apócrifos mostra imediatamente que eles não poderiam ser equiparados aos Canônicos. Um livro  de moral deficiente, que ensine doutrinas erradas e contrárias ás que se encontram nos Canônicos, e que ensinem falsidades, não pode pertencer ao Cânon, a regra de fé e prática dada por Deus ao homem.
CONTEÚDO.
Veremos os doze livros que compõem os Apócrifos e suas principais deficiências.
I. 1º Esdras, que é chamado de 2ºEsdras na revisão luciânica da septuaginta e de 3º Esdras na Vulgata Latina.
 O debate dos três jovens narrado no livro, é adaptação de um conto persa, e pode-se discernir evidências sobre isso nos seus pormenores. É adaptado para servir de meio mediante o qual Zorobabel, guarda costas de Dario, ao vencer um  debate a cerca do maior poder(Vinho, Mulheres, ou Verdade?),  obtém a oportunidade  de relembrar ao monarca persa sua obrigação de permitir a reconstrução do templo. Comparação detalhada entre o mesmo Esdras da septuaginta demonstra que as duas obras  são traduções independentes do texto massorético(Texto original). 1º Esdras é provavelmente o mais antigo dos dois.
Deficiências do livro.  Em relação ao livro de Esdras Canônico, apresenta contrastes não apenas quanto ao texto, mas igualmente na ordem cronológica dos acontecimentos e dos reis persas, trata-se de uma tradução livre e idiomática.
II.  2º Esdras, que é o 4º Esdras da Vulgata. Também chamado de apocalipse de Esdras.   Essa versão, conforme atualmente encontra-se no Latim Antigo, é uma expansão feita por escritores cristãos sobre a obra judaica apocalíptica original.
O corpo original do livro consiste em sete  visões;
1ª. O vidente exige uma explicação para os sofrimentos de Sião, cujo pecado não é maior que do seu opressor. O anjo Uriel responde que isso não pode ser compreendido, mas que a era se aproximava em que raiaria a salvação.
 2ª. Israel, escolhida  de Deus havia sido entregue a outras nações; isso, igualmente, é declarado como algo incompreensível para os homens. A era vindoura seguir-se-ia á presente sem intervenção de qualquer intervalo, precedida pelos sinais do fim e por um período de conversão e salvação. Isso deveria consolar o vidente.
 C.  Pergunta por que os Judeus não possuem a terra; a resposta dada é que eles a herdarão na era vindoura. Várias outras questões acerca da vida após o túmulo e da era vindoura são abordadas, incluindo o pequeno número de eleitos.
 D.  Fala sobre uma mulher que se lamentava relatando as suas desgraças, a qual a seguir é transformada numa gloriosa cidade. Isso simboliza Jerusalém.
 E.  Conta sobre uma águia com doze asas e três cabeças, o símbolo de Roma, o qual é explicitamente declarado pelo anjo interprete como o quarto reino de Daniel 7. O Messias de suplantá-la.  Essa visão deve ser datada do Governo de Domiciano.
  F. Fala sobre um homem que se levanta do mar e que aniquila uma multidão antagônica. Isso é uma adaptação á visão de Daniel 7 sobre o filho do homem.
 G. Visão final (14 )trata de um tópico distinto da restauração dos livros sagrados dos Hebreus, feito por Esdras, por meio de uma visão e com a ajuda de escribas sobrenaturalmente auxiliados.
III.   Tobias. É uma curta história piedosa sobre um hebreu justo pertencente aos cativos do norte. Tinha um filho do mesmo nome. Sofreu perseguições e privações por haver socorrido seus colegas israelitas sob a tirania de Esar-Hadom.
Deficiências do Livro.
* Há demasiadas visitas de anjos e se diz que um deles viajou trezentas milhas em sua companhia, a pé. O anjo Rafael induz Tobias a mentir. Ele se apresenta como um tal Azarias, dos conhecidos de Tobias, mas depois se dá a conhecer como o  anjo Rafael, ensina uma história de sete
  anjos caírem prostrados perante o Santo, que parece influência de uma superstição
Persa e, o que é pior, que estes sete anjos apresentam a Deus as orações dos santos, sem base alguma nas Escrituras e em conflito com o oficio mediatório de Jesus.
*Um espirito mau se apaixona de tal modo por uma mulher que, enciumado mata os que com ela se casam, mas o coração e o fígado de peixe fumegantes afastam  o demônio, tanto do homem quanto da mulher .
* Atribui às esmolas a virtude de livrar da morte e purificar de todo o pecado, enfim prega a salvação pelas obras.
IV. Judite. Relata a historia de uma jovem e corajosa judia, bem como a queda do hospede de Nebuchadrezar por sua astucia.
Deficiências do Livro.
*Emprega palavras e condutas falsas.
* Ensina que os fins justificam os meios, sejam quais forem, e ela ainda ora á Deus para que abençoe esses meios.
* A falsa historia que ela contou a holofernes e os seus encantos pessoais.
V. Adições a Daniel.  Ao capitulo terceiro de Daniel e adicionada a oração de Azarias, proferida na fornalha, bem como o cântico do três hebreus, entoado para o louvor de Deus.
Deficiências do Livro.
*  A oração dos três moços na fornalha ardente, uma meditação piedosa, mas sem qualquer adaptação para o caso.
* A historia de Suzana, improvável  e inverossímil.
* A lenda de Bel e o Dragão, absurda e ridícula.
VI. Adições a Ester.   O livro canônico sempre causou uma certa dificuldade por não aparecer nele o nome de Deus e mais ainda pelo teor geral da historia    nele contida.  Os acréscimo contem aquilo que alguém entendeu  que faltava ao livro canônico   e que devia e podia ter sido dito pelos personagens do livro de Ester. O livro canônico foi escrito só em hebraico e encontra-se no cânon judaico. Os acréscimos encontram-se só na versão Grega e na Vetus Latina, pelo que se pensa que teriam sido escritos pelo tradutor de Ester para o grego.
VII. Oração de Manasses .  Afirma apresentar a oração a respeito da qual há referencia  e m 2ºCronicas33.11-19. Na opinião da maioria dos eruditos é uma composição judaica e provavelmente foi escrita originalmente no hebraico.
VIII. Epistola de Jeremias. É um típico ataque judaico helenista contra a idolatria, disfarçado como uma carta de Jeremias aos exilados na Babilônia , semelhante  àquela mencionada em Jr. 29. Os ídolos são ridicularizados; os males e loucuras ligados aos mesmos  são expostos e os judeus cativos são instruídos a nem adora-los nem teme-los. É escrita em bom grego, mas pode ter tido um original Aramaico.
IX. Livros de Baruque.  Alegadamente é obra do amigo amanuense de Jeremias. A obra é breve, mas na opinião dos eruditos é uma obra composta, atribuída a dois, três ou quatro autores. Há nesse livro graves erros históricos.
Deficiências do livro.
* Refere-se ao Templo como de pé, mas o templo fora queimado por Nabucodonozor ao tomar a cidade de Jerusalém.
* Fala-se que  Deus ouve as orações dos mortos de Israel.
* Baruque se diz que esteve em Babilônia, quando ele foi com Jeremias para o Egito depois da queda de Jerusalém.
X. Eclesiástico. Nome dado em seu titulo grego á sabedoria de Jesus Ben-
Siraque nascido na Palestina, vivia em Jerusalém, e porções de sua obra sobrevivem no hebraico original, em manuscritos do Cairo Geniza. Pertence a classe da literatura de    Sabedoria, mas difere dele grandemente porque seu cunho é Palestino e não Alexandrino, não exibindo o menor traço de cultura grega que caracteriza o “Sabedoria de Salomão”. Revela do principio ao fim o espirito hebreu e segue os moldes hebreus.     Sem dúvidas é o mais antigo dos apócrifos, e derrama luz abundante sobre o período  a que se atribui sua composição.
Deficiências do Livro.
*Há muitas passagens que estão em desacordo com o espirito e os ensinos da Palavra Inspirada.
* Ensina-se a justificação pelas obras.
* As esmolas expiam pecados.
* Honrar pai e mãe expia pecado.
* Abandonar a injustiça expia pecado.
* Permite-se o trato cruel dos escravos e ódio aos Samaritanos.
* Há preocupação de fazer mais o que parece bem aos homens do que aquilo que é aceitável aos olhos de Deus.
* Encoraja-se o gozo dos prazeres em geral porque a vida é  breve.
XI. Sabedoria de Salomão.  É talvez o ponto alto da literatura da Sabedoria Judaica. Suas raízes encontram-se na corrente da literatura da Sabedoria, que pode ser encontrada no Antigo Testamento e nos apócrifos, mas aqui se acha sob influencia do pensamento grego e o livro atinge uma melhor formalidade e precisão do que noutros exemplos desse tipo literário.
Deficiências do Livro.
* Não apresenta a sabedoria de Salomão, mas a filosofia Alexandrina.
*O livro pretende ter sido escrito por Salomão, mas refere-se ao povo de Deus como sujeitos aos seus inimigos, o que nunca aconteceu na época de Salomão.
* Parece ensinar a doutrina da emanação, a preexistência da alma, cujo destino mortal é determinado pelo seu caráter  antes de vir a este mundo.
* O corpo material se considera como um  peso e prisão da alma, doutrina que não tem  base nas Escrituras.
*O livro exagera o milagre, por amor do maravilhoso apenas, como quando diz que o maná era agradável aos diferentes gostos, adaptando-se ao paladar que cada um desejava.
* Apresenta uma origem muito superficial da idolatria.
XII. 1º E 2º Macabeus.  O 1º Livro cobre os acontecimentos entre 175 e 134 A.C., isto  é, a luta contra Antíloco Epifânio.   O livro termina com um panegirico  a João, e evidentemente foi o mesmo escrito após a sua morte, verificada em 103 A.C. Originalmente escrito em Hebraico, foi traduzido no estilo literário de partes da septuaginta, o alvo da obra é glorificar a família dos Macabeus, vistos como campeões do Judaismo.  O 2º Livro é obra de origem diferente  seu tema cobre muito da mesma historia de seu homônimo , mas não prossegue a historia além das campanhas e derrota de Nicanor. Seu autor é desconhecido.            
Deficiências Dos Livros. 
*  1º  Livro.  Contém diversos erros Geográficos e históricos.
*  2º Livro. Abunda em lendas e fabulas, como a da preservação do fogo sagrado.
*Ocultamento do Tabernáculo com  a arca e o altar do incenso por Jeremias no monte Nebo.
* Justifica o suicídio.
*  Autoriza a oração pelos mortos.
* O autor não se julga Inspirado.                                    
O Concilio de Trento constituído de número reduzido de prelados, representando um território limitado da igreja, longe de poder ser considerado ecumênico impôs  a igreja toda a aceitação dos apócrifos como canônicos , de inspiração e autoridade iguais aos do cânon hebraico, de encontro a toda a evidencia histórica anterior. Estribando-se não na competência, mas na sua autoridade, lançou o anátema contra quem os rejeitasse. Desde então a discussão cessou na igreja Latina.


Bíbiografia.
*NovoDicionário da Bíblia vol.I. Junta Editorial Cristã.
*O canon do Antigo Testamento. Guilherme Kerr- Imprensa Metodista- São Paulo.1952.

O material apresentado acima foi compilado das obras citadas.